Comentário

Março de lutas<br>ano de mudanças!

Natacha Amaro
A situação que se vive actualmente em Portugal é dramática e profunda. Do ponto de vista económico, social e político, vivemos uma crise no nosso país que esmaga as aspirações dos mais jovens, que cerceia elementares direitos e condições de vida dos trabalhadores, que condena milhares de reformados e pensionistas a vidas de pobreza e miséria. Este estado de coisas não é de hoje nem caiu do céu. A resposta do PCP tem sido de denúncia das causas deste processo, de firme combate e oposição a estas políticas e de proposta de novos rumos para Portugal. Neste sentido, o mês de Março, que ainda agora vai a meio, tem sido profícuo em acção e luta, em visibilidade da insatisfação popular, em movimentações e desafios.
A Marcha da Liberdade e Democracia, no dia 1, marcou uma postura inédita de qualquer partido no nosso país: sem objectivos eleitorais e centrada na afirmação de princípios básicos fundamentais, um partido político – o PCP! – sai à rua, na capital, numa manifestação de força que incomodou muitos, exigindo o cumprimento de direitos básicos e inalienáveis, conquistados com Abril e duramente defendidos durante três décadas e que este governo tem atacado mais do que ninguém antes. Foi uma jornada de luta que nos orgulhou a todas e a todos, pela amplitude e significado, pela adesão e impacto, inspirando-nos a continuar o trabalho e a acção.
O aniversário do PCP, assinalado no dia 6 e comemorado durante estas duas semanas, foi também oportunidade para o colectivo partidário se unir e reflectir em torno destes 87 anos, do seu significado na luta contra meio século de fascismo em Portugal, do seu enorme contributo para um mundo melhor e uma sociedade justa, do seu exemplo para as novas gerações de comunistas que continuam este trabalho. Esta efeméride, pautada de festa e celebração mas também de desafio e mobilização para continuar a lutar, é sempre um momento de reforço para todos os comunistas e amigos do Partido.
O Dia Internacional de Mulher também se inseriu nesta jornada de resistência e luta. Por todo o país, milhares de iniciativas procuraram recuperar e evocar o cariz histórico e revolucionário desta data proposta por Clara Zetkin, em 1910, com o objectivo de mobilizar as mulheres para saírem à rua pela emancipação das trabalhadoras e na defesa dos seus direitos sociais e políticos. A dura realidade actual (baixos salários, discriminação salarial, facilitação dos despedimentos e desregulamentação dos horários de trabalho, não cumprimento dos direitos da maternidade, subida dos preços dos bens essenciais, encerramento de serviços públicos, falta de apoios sociais à infância e aos idosos, entre tantas outras questões), em pleno século XXI, obriga-nos a manter este combate às desigualdades que ainda marcam a vivência das mulheres e a denunciar as causas que estão por trás destas discriminações. Apenas combatendo as políticas geradoras de tanta desigualdade e enfrentando a exploração que grassa no mundo do trabalho podemos contribuir para a emancipação da mulher e o avanço da nossa sociedade.
A Marcha da Indignação, promovida pela FENPROF a 8 de Março, foi outro momento alto deste mês de lutas, culminando um longo processo de reacção a políticas destruidoras da educação e do ensino e a procedimentos de afrontamento e desrespeito pelos professores e pelo papel primordial da educação num país. A expressiva irrupção de 100 mil professores na baixa de Lisboa, em protesto e revolta, gritando os seus direitos, defendendo a escola pública e democrática, demonstrou bem a determinação em fazer frente a um governo autoritário e autista e a firmeza em obrigar a recuar a Ministra da Educação e as suas políticas. O grito lançado a partir das ruas de Lisboa, por porta-vozes vindos de todo o continente e ilhas, chegou também ao Parlamento Europeu, pela voz dos deputados do PCP, que saudaram e solidarizaram-se com esta justa e impressionante Marcha.
O conjunto de iniciativas promovidas pelo PCP, as jornadas de luta anunciadas por diversos sectores e a manifesta insatisfação e revolta das populações marcam este mês como mais um patamar de luta e intervenção, no sentido de fazer recuar as políticas e um governo que persistem num caminho de ruptura e miséria. O mês de Março sob o expoente da luta, espalha a esperança de um ano que traga a mudança nas políticas e um novo rumo para Portugal.


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